sexta-feira, 27 de julho de 2012

Manifesto da ocupação do Canecão

Manifesto da ocupação do Canecão

Nós, estudantes da UFRJ, em ato realizado no dia 24 de julho decidimos pela ocupação do antigo Canecão, como parte da semana nacional de ações radicalizadas orientada pelo Comando Nacional de Greve Estudantil (CNGE). Entendemos ser esse um ato não só legítimo, como também necessário, devido à situação que vive nossa educação nos últimos anos. 
Há dois meses teve inicio a maior greve da educação dos últimos dez anos. Professores, estudantes e funcionários lutam juntos por pautas comuns, embora cada setor tenha também suas próprias reivindicações. Todo esse movimento explodiu no Brasil por conta do acúmulo de problemas gerados depois de décadas sem investimento. Esse cenário se agravou pelo processo de expansão precarizada das universidades federais, que se iniciou em 2007, com a aprovação do decreto 6096/07: o REUNI. Esse decreto colocou as universidades em situações insustentáveis: faltam bandejões, moradia estudantil, salas de aula, prédios, equipamentos, laboratórios, professores... Não queremos essa Educação que o governo impõe.
Existem pautas que unificam os três setores em greve. A principal delas é a luta por 10% do PIB para a Educação Pública, Já! O atendimento dessa reivindicação sanaria por completo a maioria das pautas específicas de cada Universidade. Hoje, o governo Dilma usa a crise econômica internacional como uma desculpa para não investir mais em Educação. É um argumento que não se sustenta: durante os anos de crescimento econômico não houve maior investimento na Educação correspondente. Com crise ou sem crise a Educação não é prioridade dos governos, e a consequência disso é a intransigência com que o governo tem tratado a greve, se recusando a negociar com os grevistas.
Esse descaso do governo para lidar com a greve também se reflete na Reitoria da UFRJ. No último Conselho Universitário, o movimento grevista compareceu em peso exigindo uma audiência pública sobre a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – encarregada da privatização dos Hospitais Universitários). O atual reitor, Carlos Levi, se recusou a discutir com a comunidade acadêmica. Ocupamos hoje o Canecão porque o mesmo se encontra há 2 anos no poder da UFRJ e até então essa mesma Reitoria não apresentou à sociedade um projeto para o local. O espaço onde funcionava o Canecão pertencia há décadas à UFRJ, e foi utilizado durante todo esse tempo pela iniciativa privada. Queremos que este seja um espaço cultural público, gratuito e popular que irradie cultura para a população, e que seja gerido por um Fórum Paritário de estudantes, técnicos e professores, com funcionários efetivados (não terceirizados).
Por fim, convocamos toda a população carioca a se integrar e participar da Ocupação. Não são tempos de férias, são tempos de luta pelo futuro da educação brasileira, pelo destino dos jovens brasileiros. Queremos um mundo justo, e esse mundo está presente nesta Ocupação e em cada ato de rebeldia contra a situação de caos da Educação Pública.
Exigimos:
- Por um Canecão 100% Público, Gratuito, com Cultura Popular – gerido por um Fórum Paritário, Democrático e Popular!
- Bandejão em todos os campi! Mais bolsas! Reforma do alojamento! Creche universitária!
- 10% do PIB para a Educação Pública, Já!
- Chega de Reuni! Não ao PNE do governo!
- Negociem, Dilma e Reitoria, Já!



Fonte: Ocupação cultural do canecão

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