Por Alina Freitas, membro da Vírus Planetário Brasília.
A luta pela reestruturação do Plano de Carreira da categoria é uma luta antiga dos professores, que acreditam na valorização da atividade docente para motivar a entrada e permanência dos profissionais nas instituições federais de ensino.
E de onde surgiu a greve?
No ano passado, o ANDES (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior) assinou um acordo emergencial com o governo, que previa, como um dos principais pontos, a reestruturação da carreira até 31 de março de 2012. Já estamos na segunda quinzena de maio e nada aconteceu.
Diante esse quadro, os professores não viram outra solução senão parar as atividades para pressionar uma ação do governo. É por isso que o aumento salarial, divulgado na semana passada, pouco importa – a questão é muito mais ampla. A Greve atinge 33 universidades federais e dois institutos federais em 20 estados, segundo a ANDES, e a greve é por tempo indeterminado.
Para a reestruturação da carreira atual, desatualizada e desvirtuada conceitualmente pelos sucessivos governos, o ANDES propõe uma carreira com 13 níveis e variação remuneratória de 5% entre níveis. O piso é o regime de trabalho de 20 horas, e o salário mínimo corresponde ao valor calculado pelo DIEESE (atualmente em R$2.329,35). A valorização dos diferentes regimes de trabalho e da titulação devem ser parte integrante de salários e não dispersos em forma de gratificações.
Os professores da Universidade de Brasília decidiram entrar em greve a partir de segunda-feira, 21 de maio. A decisão foi tomada pela maioria dos 176 docentes que votaram em assembleia da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), realizada na manha do dia 18 (sexta-feira). Haverá assembléia nesta terça-feira, 22 de de maio, para avaliar o primeiro dia de greve, analisar as negociações com o Governo Federal e definir estratégias do movimento grevista, que se soma ao de mais de 30 universidades federais. A reunião será às 16h no anfiteatro 17 do Instituto Central de Ciências, o Minhocão.
“Nossa greve não tem nada a ver com 4% ou 5%. Nós queremos é a reestruturação da carreira.O governo está fazendo a reestruturação de todos os servidores públicos e nós precisamos nos mover se não quisermos chorar daqui a 10 anos”, disse o presidente da Associação dos Docentes da UnB, Ebenezer Nogueira.
Alguns alunos são a favor da greve, outros acham que foi precipitado, como sugere um estudante de Direito que não quis ser identificado “(Os professores) deviam pensar nos alunos de baixa renda, que já estão sem a casa do estudante e sem o ru, e outros estudantes que não são nem da Universidade de Brasilia e que não possuem condição de ir e voltar para sua cidade natal”. No dia 21, por volta das 20h, o DCE (Diretorio Central dos estudantes) estava/está promovendo uma enquete para ouvir a opinião dos estudantes,pela rede social Facebook.
Estudantes de outras Universidades também se sentem divididos e a preocupação maior é como ficará o calendário e como serão as reposições de aula. “O maior medo é nos prejudicarmos e ficarmos sem férias, é importante que o governo se resolva com o sindicato dos professores,porque os impactados com essa greve,seremos nós estudantes”, diz Mariana, Estudante da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (MG).
Ninguém deveria trabalhar, ensinar ou aprender num ambiente assim. A docente Karen, do Serviço Social, desabafa “Sofrem professores, estudantes e técnicos administrativos das Instituições Federais de Ensino. Num olhar mais amplo, sofre todo o povo brasileiro, que utilizará dos serviços de profissionais formados em situações precárias e que, se ainda não têm, pode vir a ter seus filhos estudando nessas condições”.
Essa batalha não é só dos professores mas de todos aqueles que desejam um país digno e uma educação pública, gratuita e de qualidade.
Acompanhe sobre a greve e as negociações com o governo aqui mesmo na Vírus Planetário ou no site da ANDES, www.andes.org.br
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